Ana Carla, que estava acompanhada de uma mulher que não foi identificada pela polícia, chegou a ser socorrida por policiais militares, mas não resistiu ao chegar no setor de emergência do Hospital Geral do Estado (HGE).
O disparo aconteceu por volta das 6h30. No local, testemunhas apontam duas versões para o crime. A primeira é de que ela teria sido baleada por um homem que passava num Gol prata de placa NSP 8815. “Ele passou e atirou. A placa é de um outro veículo”, declarou um policial militar que esteve no local e não se identificou.
Já um funcionário da Masp Vigilância, que trabalha na Faculdade de Direito na Ufba – unidade próxima à Escola de Administração -, conta outra versão. “Uma estudante de Direito chegou aqui muito nervosa e perguntou se eu sabia do tiro. Ela passava pelo local de carro, quando viu um homem descer de um Fiat Palio prata e atirar contra a mulher”, contou o vigilante.
Investigação
A mulher que estava na companhia da vítima não foi encontrada pelos agentes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investigam o caso. Ela teria deixado o local com o celular da vítima.
“Não é descartada a possibilidade de uma tentativa de roubo. Vamos avaliar também se é um crime de mando ou passional. Nesse momento, nenhuma hipótese é desprezada”, afirmou a delegada Marta Nunes Rodrigues, do DHPP. Segundo a delegada, Ana Carla não tinha passagem pela polícia.
As imagens de uma das câmeras da Ufba instaladas em frente à Escola de Medicina serão usadas na investigação. O equipamento gira em um ângulo de 360 graus.
Uma ambulante que trabalha vendendo doces e salgados na porta da Escola de Administração disse que atendia um cliente quando escutou estampido. “Cheguei aqui às 5h30 e só ouvi o pipoco”, declarou a ambulante.
O irmão dela, que a ajuda no serviço, correu em direção à multidão que já se aglomerava ao redor de Ana Carla ainda agonizante. “Ela sempre caminhava aqui sozinha. A mulher que estava com ela parecia ser conhecida dela porque não foi ouvida pelos policiais militares que chegaram. Os policiais estavam confusos de como ajudá-la. Foi nesse momento que a mulher aproveitou para pegar o celular da vítima e sair”, declarou o rapaz. A polícia não soube informar se a vítima estava com bolsa nem se teve pertences roubados.
Questionado sobre por que os policiais não conduziram a mulher que acompanha Ana Carla para depor na delegacia, o major Sandes Júnior, comandante da 11ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM-Barra/Graça), afirmou que teria que apurar a informação com o soldado responsável pelo socorro da vítima, de prenome Anaílton. “Isso só será possível daqui a dois dias, quando ele retorna ao plantão”.
Aluna era solteira, sem filhos e morava com os pais no Canela
Ana Carla estagiava no setor de Recursos Humanos da Seagri e se formaria no final do ano. De acordo com um parente que esteve ontem à tarde para liberar o corpo no Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues, Ana Carla morava com os pais no bairro do Canela, não era casada e não tinha filhos. “Atualmente ela não estava em nenhum relacionamento sério. Ela era uma pessoa estudiosa, tranquila e trabalhadora”, pontuou.
Ana Carla entrou na Ufba em 2006. No ano seguinte, ela ficou na 63ª posição no concurso para auxiliar administrativo do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia (CRMV-BA). À tarde, a coordenação do curso de Arquivologia da Ufba emitiu nota lamentando o crime e dizendo-se “profundamente consternada” com a morte da estudante.
O corpo de Ana Carla foi enterrado no final da manhã no cemitério Campo Santo. Colaborou Caique Santos.

